Ao longo de vários artigos aqui do blog, destacamos a forte presença de brasileiros no exterior, inclusive na Itália. Por exemplo, são mais de 4,5 milhões de brasileiros morando em outros países e cerca de 157 mil morando na Itália. Mas e os italianos pelo mundo?
Hoje falaremos sobre o expressivo número de italianos que residem em outros países. Afinal, esse número deu um salto importante nos últimos 10 anos. Hoje ele já é superior a 6 milhões de pessoas em 2023.
Além disso, outros pontos precisam ser destacados, como o rejuvenescimento da comunidade italiana no exterior e a presença das pessoas idosas. Isso porque, com o passar dos anos, as características populacionais dos países mudam!
Então, aproveite a leitura e saiba tudo sobre o aumento do número de italianos no exterior na última década!
O aumento no número de italianos registrados no AIRE
Na década passada, cerca de 3,9 milhões de italianos viviam no exterior. Porém, esse número vem crescendo ano a ano e uma nova estimativa, divulgada em setembro de 2023, revelou dados surpreendentes.
De 3,9 milhões, o número de italianos morando fora da Itália saltou para mais de 6 milhões. Esse dado foi divulgado por Michele Sciavone, secretário-geral do Conselho-Geral dos Italianos no Exterior (Cgie). Ele tem como base os registros no Anagrafe dos Italianos Residentes no Exterior (AIRE).
O AIRE, em vigor desde 1988, é um cadastro que reúne os dados dos italianos que moram no exterior. Esse registro é mantido pelos Comuni na Itália. Este, por sua vez, obtém dados e informações por meio das representações consulares no exterior.
A inscrição no AIRE não é apenas um direito, mas um dever de todo italiano que reside fora da Itália por mais de 12 meses. Ele é um pré-requisito para que o indivíduo consiga utilizar os serviços do Consulado, como emissão de passaporte e documentos.
Mas a inscrição no AIRE permite ainda acesso a outros direitos. Por exemplo, o italiano que mora no exterior poderá votar nas eleições e referendos da Itália. Mas isso desde que esteja com o cadastro no AIRE atualizado.
E, recentemente, entrou em vigor a nova lei orçamentária da Itália, que estipula uma multa para italianos que não realizarem o registro no AIRE. Se quiser saber mais sobre o assunto, confira esse outro artigo.
O AIRE é o banco de dados mais confiável para o Governo Italiano. Ele permite ter uma noção melhor do número de italianos fora da Itália. Assim, permite a elaboração de políticas públicas específicas para beneficiar os italianos do exterior.
O rejuvenescimento da comunidade italiana no exterior
Ao longo dos anos, houve um rejuvenescimento da comunidade italiana no exterior. E isso tem relação com o significativo aumento no número de italianos que vivem fora da Itália.
Nesse sentido, precisamos destacar dois principais fatores que contribuíram para o aumento de italianos fora da Itália e o rejuvenescimento dessa parcela populacional.
O primeiro fator diz respeito aos nascimentos de filhos de pais e mães italianas no Brasil. Como a Itália adota o sistema “jus sanguinis”, a nacionalidade originária é obtida por meio da filiação (laços de sangue).
Dessa forma, entra em cena o segundo fator. Ele consiste no fato de que milhões de descendentes italianos que nasceram em outros países conseguem a cidadania italiana.
Ou seja, o grande número de descendentes de italianos espalhados pelo mundo contribuiu diretamente para o crescimento da comunidade italiana e seu rejuvenescimento.
A presença de idosos italianos pelo mundo
Também com base no AIRE, do número total de italianos pelo mundo, mais de 285 mil pessoas possuem idade superior a 85 anos. E esse número é muito relevante, pois representa cerca de 4,7% do total de italianos que se encontram fora da Itália.
Para você ter uma ideia, segundo o último censo divulgado pelo IBGE, o Brasil possui uma população de 4,6 milhões de idosos com mais de 80 anos. Considerando a população total de 203.080.756 brasileiros, a porcentagem de pessoas com mais de 80 anos é menos de 3%.
Além disso, esses números retratam um fenômeno que vem ocorrendo há anos na Itália: o envelhecimento da sua população. Segundo dados de 2022, quase 24% da população da Itália era formada por pessoas com mais de 65 anos.
E, atualmente, de toda a comunidade italiana no exterior, mais de 1,2 milhões de pessoas possuem mais de 65 anos!
As regiões de origem da diáspora italiana
Podemos dizer que os italianos são protagonistas há mais de 200 anos quando o assunto é migração. A diáspora italiana, como é conhecido o grande fenômeno da emigração italiana iniciado no final do século XIX, contribuiu para que mais de 15 milhões de italianos deixassem o país.
Esse movimento migratório durou até meados do século XX e traz reflexos em âmbito mundial até os dias de hoje. Além do mais, a diáspora italiana foi reconhecida como o maior movimento migratório não forçado de toda a história.
Naquela época, os italianos que deixavam a Itália buscavam melhores condições de vida para suas famílias. A Itália tinha grandes desigualdades sociais, principalmente antes da sua unificação, que foi concluída em 1871.
Assim, o Norte do país era mais industrializado, enquanto na região Sul predominava a agricultura. O processo de migração dos italianos iniciou antes mesmo da unificação do país, mas se intensificou depois dela.
Em um primeiro momento, grande parte dessas pessoas saiu da região Norte da Itália, buscando melhores condições de trabalho. Aqui, destaca-se a região do Vêneto.
Mas muitos italianos também saíram da região Sul, principalmente da região da Calábria. Os países de destino foram bastante variados, incluindo Estados Unidos, França, Suíça, Argentina, Alemanha e Brasil.
Entre 1875 e 1900, por exemplo, o continente americano recebeu mais de 570 mil imigrantes italianos.
Chegada de italianos no Brasil
No Brasil, os italianos desembarcaram principalmente na região Sul. Ela ainda era pouco explorada e contava com baixa população (em comparação com a região Sudeste).
O Rio Grande do Sul foi o estado que mais recebeu italianos, entre 1875 e 1914. O ponto culminante desse movimento migratório foi entre 1884 e 1894, quando mais de 60 mil italianos chegaram ao estado.
As primeiras colônias italianas foram erguidas onde hoje estão localizadas cidades como Caxias do Sul, Garibaldi e Bento Gonçalves. Com o passar dos anos a presença marcante de italianos alcançou outros estados (além dos da região Sul), como São Paulo e Minas Gerais.
Com isso, Brasil e Itália criaram vínculos importantes, que perduram até hoje. Apenas em São Paulo, estima-se que existam mais de 13 milhões de descendentes de italianos. E, no Rio Grande do Sul, são mais de 3 milhões de descendentes!
Está em busca da cidadania italiana?
Entender a jornada dos italianos pelo mundo é um passo importante para ficar por dentro da história e cultura italianas. E, sobretudo, ficar bem informado a respeito da influência dos italianos para a história do mundo, inclusive do Brasil.
Caso seja descendente de família italiana e queira encontrar mais informações a respeito desse assunto, indicamos a leitura do seguinte artigo: Imigração italiana no Brasil: onde é possível encontrar informações?
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